segunda-feira, junho 26, 2006

Tribo, tribal, tribalismo


A forma como tentamos nos organizar em sociedade tem um erro no princípio. Justificamos a vida em sociedade por que somos seres racionais e sociáveis, ainda que se faça necessário a norma. Em todos os discursos sobre a racionalidade há sempre um caráter positivo sobre a mesma. Entre os animais existem os caninos, felinos, répteis, humanos e outros. À parte os humanos, nos demais, biólogos e estudantes da vida animal conseguem distinguir uma diversidade de espécies com características muito específicas que servem de diferenciação em cada categoria. Porém, o nosso espírito elevado, coletivo, civilizado e racional estipulou diferenças nada perceptíveis sob a luz da ciência na raça humana. São elas: os dogmas de fé, a consangüinidade, as pátrias, as riquezas, cor da pele, correntes de pensamentos políticos e filosóficos... Essa pretensa forma de organização, se analisada dentro de uma célula urbana, ainda subdivide-se em skatistas, clubbers, gays, comandos, bondes, torcidas organizadas, times de futebol... E lá se foi o boi com a corda! Toda essas formas de organizações e micro-organizações são muito mais do que formas de defesa, são também, tentativas de prevalecer umas sobre as outras. Todos nós, em algum momento de nossas vidas, ficamos em frente à tv assistindo algum documentário sobre a vida animal. E ficamos fascinados como leões, crocodilos, hienas (essas sim, muito organizadas) garantem sua sobrevivência. Inconscientemente, a nossa grande admiração está no modo de agir do predador, onde muito nos identificamos. As grande riquezas em oposição a total miséria, o total desrespeito aos recursos do planeta (tratado de Kioto) , as guerras santas, guerras por fronteiras, guerras por um espaço na pista de dança, guerras tribais, guerras por hegemonia de raça e até mesmo uma partida de futebol, deixa muito evidente quem é o maior de todos os predadores, onde toda a racionalidade e seus operadores são instrumentos a serviço dessa voracidade. A bestialidade resultante do uso de nossa propagada inteligência não nos difere em nada de qualquer animal do Kalahari e, quando difere, é de forma negativa, uma vez que os demais animais só caçam o suficiente para saciar a fome .

Está aí a grande falha dos pensadores do fundamento do Estado em seu seus devaneios sobre a teoria geral do Estado. Hobbes, Rousseau, Locke, estabeleceram as bases de seus pensamentos sobre forte influência da Igreja Católica. E ali ficaram presos discutindo se homem é bom ou mau por natureza. E, por isso, talvez tenham falhado na sua tentativa de justificar o Estado, pois todos sabem como age o animal em seu estado natural, primeiro ele, se não houver outro mais forte na disputa. Qualquer semelhança com o fato de as normas serem feitas sob medida aos fracos, é mera coincidência.

O valor moral foi a única contribuição importante da Igreja para a construção da sociedade, mas faliu por não ter tido a mobilidade que os tempos necessitam e pela falta de exemplificação do proponente. Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço.. E que se diga: o poder não corrompe, instrumentaliza. A única revolução eficaz possível é a do espírito. Ainda somos os mesmos e vivemos como os animais.

quarta-feira, junho 21, 2006

Nasceu mulher!!! ou Welcome to ButtWorld part. II


Já não se fazem mais crianças meninas. A urgência de lucro inescrupuloso em ButtWorld está dissolvendo a infância e a adolescência de meninas, bombardeadas ferozmente pela indústria midiática, de moda e de bens de consumo. A velocidade da informação, aliada ao esvaziamento dos valores deste novo século, trucidou conceitos básicos de qualquer organização que se pretenda civilizada, tais como: senso moral e bem comum. A tão clamada liberdade de expressão dos árduos anos 70 transformou-se em libertinagem de expressão nos dias de hoje, não só pelo conteúdo sexual, mas também pelo maniqueísmo político e a busca de grandes lucros sem nenhum compromisso social. Essa nova mulher já sai da barriga da mãe usando calça de cintura baixa, babylook, salto alto e com uma malícia amplamente estimulada. Os senhores das indústrias, acastelados e assustados com a violência, bradam alto em busca de policiamento, mas não seriam tão senhores e tão acuados se não a disseminassem tanto, ora pelo já explicitado acima, ora pela vergonhosa distribuição da renda. Não haveria farta produção e venda de material cultural de baixo teor se tivéssemos uma sociedade melhor educada, mais justa e igualitária. A reforma no ensino público - feita pelos militares, endossada pela igreja católica e pela então forte classe média brasileira - foi um tiro de misericórdia nas pretensões de alguns seres humanos de viver em comunhão, já que, quanto pior a formação, mais fácil a manipulação e a exploração. Enquanto caminharmos para a desumanização, nossa pretensão de viver em sociedade caminha para a ruína.

terça-feira, junho 20, 2006

Welcome to ButtWorld!!!


A preferência negra e latina é ícone e predomina no pop mundial, através dos tempos por meio de n variantes da black music (Rap, Reggaeton, R&B, MiamiBass, Salsa, Samba, Fanque Carioca...). Dado a nossa localização geográfica e a formação de nosso povo, seja bem vindo a ButtWorld! A música pélvica é a trilha perfeita do nosso filme cotidiano “O império das popozudas”, onde Gretchen é a avó do gênero e Carla Perez um dos tantos outros estandartes. Diria o velho Freud que o sexo move o mundo. Não me sinto diferente dos demais no que se refere a idolatria. Você sintoniza num canal musical e lá está. Tem de todos os tipos para atender a demanda. O que difere o rap americano dos dias de hoje do Fanque Carioca? Somente o discurso dos consumidores, porque há mais aceitação ao Rap que ao Fanque. Vamos ficar só num exemplo a música Candy shop do Rapper americano 50 cent:

I take you to the candy shop
I'll let you lick the lollypop
Go 'head girl, don't you stop

No que se difere de letras de MC Catra, Bonde do Tigrão, Tati Quebra barraco? Reafirmo: no preconceito e falta de informação. Alheio a isto tudo estão às gravadoras que pouco importa o que está sendo cantado, desde que venda e venda bem. Lembro bem das primeiras músicas de duplo sentido que conheci ainda na minha infância: Dona do primeiro andar, dos Originais do Samba e Severina Chique-chique, de Genival Lacerda; e de como eram pueris se comparadas com as de hoje, como por exemplo: Dako é Bom, de Tati Quebra Barraco. Saudades da aurora da minha vida.

segunda-feira, junho 19, 2006

Som de preto, de favelado....


O jornalista carioca Silvio Essinger escreveu um livro bastante interessante sobre a história do polêmico Fanque Carioca. O livro passeia pela história da black music carioca, seus vários ritmos e momentos. O Funky e R&B nos 70's, Eletro e Miami Bass dos 80's além do movimento Black Rio e como isso tudo se transforma no Fanque Carioca, um gênero de cunho popular que embala mais de 1,5 milhões de carioca a cada noite do final de semana. O livro "Batidão, uma História do Funk" não tem a pretensão ser uma obra antropofilosófico como o antecessor do gênero, escrito pelo antropólogo Hermano Viana, padrinho e defensor do Fanque, e irmão de Hebert Viana (este que acabou colaborando de forma determinante no desenvolvimento do gênero, involuntariamente ou não). É um livro jornalístico. O empenho do autor acaba levando a uma radiografia da miséria e da criatividade brasileira, e por aí acaba atingindo o cunho antropológico. É do tipo de literatura despreocupada, assim como o objeto de explanação do livro, mas nem por isso menos incisivo. O livro aborda as vertentes do Fanque Carioca, onde começa sua derivação do Miami Bass e porque isso ocorreu. Tudo isso através de entrevista feitas com vários Mc's, produtores e empresários do ramo. Este mosaico acaba numa radiografia interessante de cotidianos, história e estrutura dos bailes e suas equipes de som. O livro - assim como o de Claudia Assef “Todo o dj já sambou”-, é um grande serviço a história dos DJ’s no Brasil. Deixa o preconceito de lado e vá buscar o seu.

sábado, junho 17, 2006

O fim do elo perdido.




Ser pai é uma experiência ímpar. E a grande pergunta que me faço é: onde andará meu egoísmo, traço de meu carater cultivado, cultuado e idolatrado pelos nem tão longos anos de minha existência? A bem da verdade, na hierarquia da casa eu me encontrava no fim. Neste caso, nada mudou. O que mudou é que por longos seis anos aqui em casa havia um regime matriarcal bem estabelecido, onde Priscilla, Vera Lúcia, Olívia e Pretinha (as três últimas, felinas) reinaram absolutas, dando a mim o direito a algumas respostas que, falsamente, davam indícios da prevalência de minha vontade. Mas a história mostra que não há regime que dure a vida toda. E dia 2 de agosto de 2005, mais precisamente às 05h05min, vinha ao mundo o vingador, o meu Simon Bolivar. Mas nem tudo são maravilhas. E foi assim que o Elo perdido acabou. Ah, o elo perdido era o segundo quarto da casa onde eu tinha meu refúgio da tirania feminina. Era um local onde predominava a mais pura organização masculina, o único local conhecido onde havia portais para o plano paralelo, onde as coisas sumiam e reapareciam meses depois, atormentadas e com relatos de abdução. E hoje faço meu relato em uma sobra de canto da sala, enquanto observo os movimentos do novo pequeno tirano.

Vaca atolada.

Quando se trata de problemas a maioria tende a achar que eles só acontecem consigo. Para não fugir a regra sempre acreditei que só no meu time número um no coração fosse possível ter em campo ex-jogadores e atletas no carteiraço, na maioria das vezes fruto de contratos com cláusulas que só as partes conhecem. Quando falo em time número um não me interpretem mau, pois, falo do SC Internacional. Pois bem, quem justifca a presença em campo de Ronaldo ex-fenomeno na partida Brasil e Croácia? Escalar nove ou dez jogadores ou pessoas interessadas na partida deixou de ser privilégio, segundo o presuposto citado acima, do SC Internacional. Mas não desesperemo-nos ainda, em breve eleições.

Até tu Brutus?! ou Blogs por que não tê-los?

Primeiro você nega, depois resiste, e por fim, aí está. Os motívos ainda são desconhecidos, talvez crueldade para comigo mesmo ou mera avaliação da capacidade de superação. O velho dilema em nova forma: uma tela em branco a espera de um cursor alucinado, detalhado e até mesmo aliviado, se houver êxito nesta guerra criteriosa. Vitorioso ou vencido?
O tempo é juri e magistrado.